Quando penso em
agradecer algo que alguem me deu inevitavelmente me vem a lembrança as milhares
de “coisas” que me minha mãe me deu, inclusive a primeira, a vida. Desde
roupas, oportunidades, apoio, televisor, carro, primeiro computador... a lista
é imensa e não caberia nenhuma competição, afinal se não fosse a primeira, a
vida, nenhuma das demais seria possível. Sendo assim ela é hors concours.
Sendo assim, me lembro com muita emoção de quando
completei 15 anos. Em casa tínhamos uma empregada, analfabeta e semi cega, ela
foi socorrida por minha avó da morte eminente no sertão e levada para ajudar
minha mãe.
Olhando com os olhos de hoje, ela era praticamente uma escrava la em
casa, mas os tempos eram outros. O fato é que no dia do meu aniversario estávamos
indo visitar essa minha avó que morava a 150km de casa e no caminho até a
rodoviária, ela pegou uma folha da cerca viva e disse que não tinha dinheiro e
nem saberia me comprar nada, mas que gostaria que eu aceitasse aquela folhinha
como o presente dela por eu estar me tornando uma mocinha. Chorei ali mesmo e
ainda choro lembrando da verdade e sinceridade daquela humilde amiga. Aquela
folhinha se perdeu no tempo e nas inúmeras mudanças mas sua lembrança ate hoje
me acompanha. O gesto de amor alguém tão simples mas sempre tão espontânea ainda
me enche de alegria por saber que pudemos conviver por tanto tempo e colaborar
uma a outra a ser quem somos.
Hoje ela é casada e tem uma família linda e no
dia do casamento o noivo a recebeu das minhas mãos. Quase 30 anos e essa é a lembrança
de presente que mais me emociona.
Nem tudo tem preço, mas tudo tem valor
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